O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), reagiu com firmeza ao motim protagonizado por parlamentares bolsonaristas que, desde terça-feira (5), ocupam a Mesa Diretora da Casa em protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em reunião com lideranças partidárias, Motta anunciou que os deputados que insistirem em impedir o funcionamento do plenário poderão ser suspensos por até seis meses, com corte de salário, atividades de gabinete e assessores.
A medida recebeu o apoio da maioria dos líderes presentes na reunião ocorrida na residência oficial do presidente da Câmara. Ao menos 17 partidos participaram do encontro, entre eles PT, PSD, PSB, MDB, PSOL, PCdoB e até parte do centrão.
“Quem impedir o presidente de reassumir sua cadeira será suspenso e pode ter o nome enviado ao Conselho de Ética”, afirmou o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), após a reunião.
A bancada bolsonarista exige a votação de um projeto de lei que conceda anistia a Bolsonaro e aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Além disso, defendem o impeachment do ministro Alexandre de Moraes (STF) e o fim do foro privilegiado. Como forma de pressão, deputados do PL mantêm um revezamento para permanecer na Mesa Diretora da Câmara e também no Senado, o que impediu o funcionamento das sessões.
Mesmo após uma tentativa de diálogo com os líderes da oposição, entre eles o deputado Zucco (PL-RS) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), Hugo Motta não obteve acordo. A decisão foi então por convocar uma sessão para as 20h30 desta quarta-feira (6), com previsão de obstrução por parte de PL, Novo e PP, que limitam o movimento até esta noite.
Parlamentares próximos a Motta e setores da esquerda defendem que ele deve retomar a presidência da sessão imediatamente, sem negociar sob “chantagem”. Já o líder do PP, deputado Dr. Luizinho (RJ), ponderou que o protesto deve se encerrar ainda nesta semana, embora tenha classificado a prisão de Bolsonaro como “excessiva”.
“Houve exagero na prisão, mas ocupação do plenário não resolve nada. Isso é chantagem e não pode ser normalizado”, disse o parlamentar.
A base bolsonarista segue isolada, com apoio parcial e temporário de legendas como PP e União Brasil. Nos bastidores, há articulação para garantir o funcionamento mínimo do Legislativo e evitar que a radicalização paralise os trabalhos no Congresso.